De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs-BRASIL, 1998) a interdisciplinaridade é definida como a dimensão que
(...) questiona a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles, questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu (BRASIL, 1998, p. 30).
Segundo Japiassu (1976) interdisciplinaridade consiste em um ensino coordenado e cooperativo onde há interação de disciplinas científicas. Trata-se do redimensionamento epistemológico das disciplinas científicas e da reformulação total das estruturas pedagógicas de ensino, de forma a possibilitar que as diferentes disciplinas se interajam em um processo de intensiva reflexão.
Essa concepção de educação pressupõe educadores extremamente críticos, aberto para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas e com uma visão ampla e interligada dos conteúdos. À medida que fica claro o seu sentido com a prática que possibilita a escola investir coletivamente na elaboração de conhecimentos significativos, torna-se possível uma nova atitude pedagógica e a luta pela reformulação das estruturas de ensino (BOVO, 2004).
Os jogos didáticos são um instrumento ímpar na construção dessa nova atitude pedagógica porque, para Visalberghi (1975 apud Santos, 2010), o jogo cria uma predisposição para aprender. Isto porque desafia, liberta, enquanto normatiza, organiza e integra. O ato de jogar é em essência movimento, porque impõe uma ação, uma dinâmica própria, durante a qual o jogador apresenta mudanças qualitativas em relação ao seu comportamento, sentimento, aprendizagem, ou forma de expressão; assim, quando joga, pode nele surgir alegria, seriedade, criação, liberdade, tudo simultaneamente.
A atividade lúdica é educativa quando além de despertar o interesse, oferece condições de observação, associação, escolha, julgamento, emissão de impressões, classificação, estabelecimento de relações e, sobretudo, tomada de decisões. Para Carneiro (1995), todo jogo é em princípio educativo, e se realizado livremente torna-se prazeroso, mutável e arriscado.
Entretanto, as experiências pessoais das autoras apontam que por mais que a interdisciplinaridade seja base de uma nova atitude pedagógica e que os jogos didáticos sejam um instrumento precioso nesse processo de mudança, na maioria das vezes, eles ainda são permeados pela visão tradicional do sistema ensino-aprendizagem, ou seja, há a fragmentação dos conteúdos e não a inter-relação entre eles.
Por isso, o presente trabalho visa à construção de um jogo didático que contempla as disciplinas de ecologia, genética e paleontologia, com o intuito de cooperar com a mudança pedagógica por meio de um jogo interdisciplinar que permitirá ao aluno possuir uma visão ampla e relacionada dessas três matérias.
A paleontologia, a genética e a ecologia foram escolhidas, pois é possível se interlaçarem quando reconstruímos a evolução. A Genética explica as mutações que permitiram e ainda permitem as adaptações e o surgimento de novas características, bem como a ecologia influencia os animais a se modificarem e também se modificam com eles e, por fim, a paleontologia, cujo objeto de estudo é os fósseis que contribuem de forma ímpar para o estudo da história da evolução.
Referências Bibliográficas
BOVO, M. C. Interdisciplinaridade e Transversalidade como dimensões da Ação pedagógica. Maringá: Revista Urutágua - Revista Acadêmica Multidisciplinar, v. 07, 03 dez. 2004. Quadrimestral. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2011.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais de ciências naturais e biologia. Brasília: MEC/SEF, 1998.
CARNEIRO, M. A. B. Por que utilizamos o jogo? São Paulo: PUC, sem data.
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
SANTOS, V. B. Jogos e Ciências em Interdisciplinaridade na perspectiva dos temas transversais: exemplo dos puzzles com fósforos. Disponível em: http://www.fae.ufmg.br/abrapec/viempec/viempec/CR2/p929.pdf. Acesso em: 18/08/2011.